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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Desabrigados de janeiro de 2011 querem receber aluguel social


“Vir aqui requisitar novamente o que já deveria ter sido feito é relembrar tudo o que passei”. O desabafo é da desabrigada Marcelle Moraes, moradora de Bonsucesso, que teve a casa destruída pelas chuvas de 12 de janeiro de 2011 e quase perdeu seu filho, então com um ano, na tragédia. Marcelle e mais 14 pessoas que passaram por problemas semelhantes estiveram na manhã do dia 11 de maio na Secretaria Municipal de Defesa Civil. Elas foram cobrar a entrega do “termo de interdição” de seus imóveis que as possibilite receberem o aluguel social prometido aos desabrigados.

“Há pessoas que não recebem o aluguel porque não têm esse termo. Mas, como vistoriar e interditar o que sumiu na tragédia?”, questiona Joel Caldeira, presidente da Associação das Vítimas das Chuvas de 12 de Janeiro em Teresópolis (AVIT), que liderava o grupo. “Não queremos ficar eternamente como vítimas. Queremos levantar a cabeça e pedir a Deus que cure nossas almas, humilhadas e machucadas”, explicou Joel. Segundo ele, só quem recebeu o aluguel social até agora foi quem acionou a Justiça. 

Ainda segundo o presidente da AVIT, cerca de 30 pessoas tiveram o aluguel social cortado e outras tantas — entre as quais os manifestantes — nunca o receberam. “A documentação de 2011 não serve mais. É preciso fazer outro relatório de ocorrência (R. O.) para agendar nova vistoria”, explicou a atendente Luciana Portilho, da DF. É o caso de Júlio José da Rosa Filho, morador de Bonsucesso há 12 anos. No laudo da vistoria que ele exibia à funcionária, estava descrito e assinado pelo engenheiro André Luiz Canbelotto Cardoso, no dia 27 de outubro de 2011.


Novos procedimentos


Segundo a lei, esclareceu o segundo tenente bombeiro militar Cordeiro, que representava o secretário de Defesa Civil no encontro com os manifestantes, a nova vistoria para as vítimas de 2011 é necessária porque a DF já está trabalhando com as ocorrências das chuvas do dia 6 de abril de 2012. “Estamos trabalhando 24 horas por dia, com unidades itinerantes. Fazemos tudo dentro da lei e precisamos realizar confirmações das situações das vítimas de 2011, para emitir novos laudos e encaminhar à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social”, argumentou o tenente.

Ao final da manifestação, formou-se uma fila para a realização de um novo R. O. — caso a caso —, com a promessa de que tudo andaria dali para frente. “Por via das dúvidas, sairemos daqui e iremos até o Ministério Público para dar ciência do que foi feito aqui, caso haja necessidade de alguma ação posterior”, garantiu Joel Caldeira, da AVIT.

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