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sábado, 14 de abril de 2012

Há cem anos o homem chegava pela primeira vez ao topo do Dedo de Deus


Do alto de seus 1.692 metros de altura, a imponência da montanha do Dedo de Deus só pode ser traduzida por uma palavra: colossal. Temida e venerada por escaladores locais e forasteiros, esse gigante incrustado em meio à mata exuberante da Serra dos Órgãos, em Teresópolis, foi dominado pela primeira vez há exatos cem anos por um bravo grupo de rapazes de origem simples. Durante a empreitada, não foram utilizados equipamentos rebuscados ou estratégias mirabolantes e sim cordas de sisal, troncos de árvores, pirâmides humanas e muita vontade de ir além. Após sete dias de excursão, os jovens alcançaram o cume, que, curiosamente, lembra um dedo indicador que aponta para o céu. A vitória “divina” dos rapazes fortalece, de forma completamente despretensiosa, o surgimento da História do montanhismo no Brasil.
A chegada do homem ao topo do Dedo de Deus, há um século, foi resultado de muita coragem e de uma pontinha de orgulho. A história começou em meados de 1910, quando o teresopolitano Raul Carneiro, caçador que conhecia os lugares mais ermos da região, foi chamado para guiar um grupo de alpinistas alemães até a montanha. Apesar da suada investida de cinco dias, os estrangeiros não obtiveram sucesso. E, ao chegarem ao Hotel Higino, onde estavam hospedados, declararam que a missão era impossível.
— Os alemães estavam acostumados com paredões de fendas e não com montanhas de gnaisse e granito como temos aqui — acredita Fred Pimentel, alpinista e supervisor dos monitores ambientais do Parque Nacional da Serra dos Órgãos.
Brios à prova, Carneiro convocou o ferreiro pernambucano José Guimarães Teixeira, que trabalhava desde 1908 na construção do viaduto da estrada de ferro Magé-Teresópolis. À dupla, se uniram os irmãos Alexandre, Américo e Acácio Oliveira, e estava formado, em abril de 1912, um dos grupos precursores do montanhismo brasileiro.
Como não existiam geringonças como cadeirinhas ou mosquetões na época, a solução foi inovar: Teixeira confeccionou 19 grampos de ferro fundido de 13 milímetros, uma das preciosidades encontradas até hoje no paredão. A ferramenta do ferreiro foi utilizada, mais tarde, como base para a criação do grampo tipo P, muito usado no montanhismo moderno.
— Eles não conheciam técnicas de escalada e se amarravam com cordas na cintura e nós estranguladores, o que é proibido, hoje em dia, por causa do perigo — conta Teixeira sobre os aventureiros, que viraram heróis na cidade e receberam telegrama entusiasmado do então Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca.
Chegar atualmente ao cume do Dedo de Deus exige uma dose menor de improviso. Nos últimos cem anos, foram traçadas 14 vias de acesso com diferentes graus de dificuldade, executadas por uma média de 500 pessoas por ano. A mais fácil, a leste, é a Polegar da Mão, considerada de grau três numa escala que vai até 11. O primeiro obstáculo são 40 minutos de caminhada em trilha. Depois, a escalada propriamente dita prossegue por um trajeto que dura em torno de três horas.
Pimentel afirma que não é necessário ter larga experiência para vislumbrar, do topo, o cenário de tirar o fôlego, desde que todos estejam bem guiados. O Site do Parnaso tem uma relação de guias profissionais, e o passeio custa, em média, R$ 250 por pessoa. O endereço para outras informações é .


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