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sábado, 14 de janeiro de 2012

PV promove discussão política em seminário

Fernando Guida do PV regional

*O Partido Verde promoveu nesta quinta-feira, 12, um seminário para discutir os riscos da região Serrana. Na mesa de discussão pessoas de influência no cenário verde nacional como a Deputada Estadual Aspásia Camargo e o jornalista e ambientalista Vilmar Berna, além da diretora da Associação das Vítimas, Nina Benedito e o presidente da Executiva Municipal do PV, Fernando Guida. O objetivo do evento foi trazer para a discussão temas como ocupação em áreas de risco, degradação ambiental e política, e ações de gerenciamento de crise pós-acidentes naturais, problemas que já existiam, mas que passaram a ser temas mais relevantes para a mídia depois da tragédia de 12 de janeiro.
Na abertura do encontro, o organizador do seminário, jornalista Wanderley Peres lembrou que a política em Teresópolis chegou a um estágio de degradação que parece irreversível. "Precisamos mudar isso. Temos hoje um ex-prefeito cassado pela política e outro que está sendo procurado pela polícia. O reflexo de tudo isso, da cidade ter sido entregue a um bando, é o resultado que temos hoje: a falta de lideranças políticas legítimas e o completo desinteresse das pessoas de bem de ingressarem na política. Precisamos mostrar às pessoas o papel fundamental dos partidos políticos. Ao longo dos tempos, as pessoas foram se esquecendo que a função principal dos partidos políticos é discutir política, é colher, e disseminar informações que são relevantes para a sociedade que ele representa. Por isso o seminário e as propostas diferenciadas do PV, que quer retomar a discussão dos problemas de Teresópolis".
O ambientalista Fernando Guida lembrou que as políticas públicas para a reconstrução devem ser efetivas, especialmente nas cidades atingidas pela catástrofe: “A gente precisa trabalhar essas questões sobre o aspecto local e depois pelo global, muita coisa em tragédias como essa são conseqüências do aquecimento global e das mudanças climáticas que o mundo inteiro está vivendo. No plano local, vemos que pessoas que tentam entrar no mercado imobiliário buscam morar em algum lugar e com isso acabam indo para áreas de risco, assim a gente acaba vendo que municípios sem estrutura para coibir a construção em lugares perigosos passam então a conviver com toda essa confusão provocada pelas tragédias”.
O ambientalista Vilmar Berna lembrou que as ações de assistência devem ser efetivas e que a população deve estar de olho nos políticos responsáveis pela administração de recursos voltados para a reconstrução de áreas afetadas. Segundo ele, os municípios vivem pedindo ajuda ao estado e à Federação, mas esses recursos nunca chegam, ou demoram muito a chegar, e quando chegam correm o risco de serem desviados. "É preciso então que tenhamos gestores públicos que sejam honestos, criativos e competentes, requisitos que vem faltando aos administradores de Teresópolis ultimamente". Vilmar lembrou ainda que a mídia vem servindo-se a um papel menos relevante que deveria, valorizando mais as histórias das tragédias pessoais e não cumprindo devidamente o seu papel investigativo de apontar os erros dos políticos. "A grande imprensa não está mentindo sobre a tragédia da Região Serrana mas está ignorando o seu potencial de afetar com uma crítica mais contudente aos que ousam roubar o dinheiro dos desabrigados. A imprensa parece complacente", disse.
A Deputada Estadual Aspásia Camargo afirmou que deve haver completa ligação entre municípios, estado e federação para que projetos eficazes de pronto atendimento em casos de tragédia sejam realizados. A parlamentar do PV visitou os bairros de Campo Grande e Posse e percebeu que está havendo uma confusão na cabeça das pessoas, pois elas cobram da prefeitura as casas, mas de fato o problema da habitação depende do governo federal, que precisa abrir um programa para isso, de recuperação e oferta de casas de casas populares para as pessoas de baixa renda que moram em locais de alto risco. Aspasia lembrou também que seria interessante a criação de uma audiência pública na Alerj visando discutir a questão do urbanismo e das casas populares para as vítimas da tragédia em Teresópolis.
Diretora da Associção das Vítimas da Tragédia, Nina Benedito relatou sua experiência de voluntária no primeiro atendimento às vítimas e do surgimento, e da finalidade, da AVIT. "As chuvas de 12 de janeiro representam um divisor de águas para Teresópolis. A tragédia mudou as pessoas que estão hoje mais interessadas e sensibilizadas pelo pelos problemas do próximo".
Jornalista Wanderley Peres
Fechando o encontro, a Promotora Pública Anaíza Malhardes deu uma aula de urbanismo, lembrou a necessidade de se implantar um plano viário no município e de definir que a ocupação se dê de forma mais adequada e menos agressiva ao meio ambiente. "Precisamos definir as áreas de exclusão humana, nem apenas pelo mal que elas possam fazer à natureza mas pelo risco que correm de serem agredidas". Anaíza mostrou ainda os impressionantes números da tragédia, lembrando que as áreas de maior risco em Teresópolis não foram atingidas pelas duas trombas d'água que atingiram Teresópolis, em 1981 e, trinta anos depois, em 2011.

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